A personalidade
E o conjunto de parâmetros fundamentais do indivíduo, parâmetros esses relativos ao seu modo de ser e à sua relação com o mundo externo. Com respeito à sua relação com o mundo externo, refere-se a como o indivíduo apreende os estímulos, quais as mudanças de estado nessa apreensão e como ele reage a esses estímulos, isto é, como atua no mundo externo a partir deles. Quanto ao seu modo de ser, a personalidade caracteriza o modo como o indivíduo incorpora as suas experiências e como constrói o seu mundo interno, com suas significâncias e hierarquias. Ela é, assim, um aspecto formal do indivíduo. Evidentemente, chegamos à personalidade através do conteúdo do mundo interno, pois, como já discutimos em Epistemologia, na mente humana só podemos chegar à forma através do seu conteúdo. Por este motivo, o conceito de personalidade dá margem a muitas confusões. ....
.... O primeiro erro é o de que a psicodinâmica do indivíduo, como o próprio nome diz, se altera continuamente, especialmente durante a sua evolução. Isto quer dizer que, se ela for considerada na configuração da personalidade, numa época da vida do indivíduo a sua personalidade seria uma e em outra época seria diversa, o que não faz sentido, pois deixa de ser a qualificação daquela pessoa enquanto uma síntese histórica. A personalidade se refere à natureza desta síntese histórica e deveria ser a mesma em qualquer época da vida do indivíduo, caso contrário, não seria a sua personalidade.
A personalidade do indivíduo deve ser definida de tal modo que ela seja a mesma desde o momento do nascimento até a sua morte ou então não seria um qualificativo daquela pessoa, independentemente do seu momento histórico. De outra maneira, a riqueza do conceito se perde, porque o indivíduo teria uma personalidade quando criança, outra como adolescente, outra como jovem, e assim por diante, porque a psicodinâmica nessas fases difere entre si.
A fim de que a personalidade seja um conceito psicopatologicamente útil, ela deve ser atemporal, isto é, deve ser a mesma independentemente da época da vida do indivíduo. Só assim ela servirá como referência para a abordagem do indivíduo de modo adequado. Deixamos a psicodinâmica para a temporalidade e mantemos a personalidade atemporal. Veja tudo